Ein Karem – historia

A comunidade de Ein Karem

A fundação de Ein Karem foi feita por etapas. O ponto de partida foi, no primeiro Capítulo do Ramo, em maio de 1968, quando as delegadas brasileiras propuseram que lembrássemos do grande desejo de Madre Christine, que a Solitude se implantasse próxima ao túmulo do P. Marie, em Ein Karem.

Na mesma época, a comunidade de Grandbourg atingira 35 Irmãs, número para o qual os locais eram decididamente muito pequenos. A idéia de fundar nova comunidade era muito oportuna. Depois de algumas buscas, apresentou-se a ocasião – em fins de 1968 – de arrendar, das religiosas de Nazaré, uma pequena casa . Quatro, depois cinco Irmãs se instalaram ali em maio de 1969 : situada sobre a colina dominando Nazaré para o lado norte, a vista era magnífica, a casa bem modesta e o terreno para ser cultivado, muito inclinado. Foi a graça de entrar em contacto com o Oriente e sua população árabe-cristãde todas as confissões e muçulmanos. As Irmãs se iniciavam no dialeto árabe e no hebraico. O trabalho era duro, a assistência espiritual pouco freqüente.

Nesse meio tempo – estamos no início de 1971 – foram estabelecidos contactos com a comunidade apostólica de Ein Karem e foi decidido que quatro Irmãs chegariam lá no dia 29 de agosto para começar uma pequena comunidade contemplativa; instalaram –se nas peças contíguas a grande capela, depois de alguns arranjos.

Os inícios de Ein Karem foram marcados por uma descoberta mútua das Irmãs ativas e contemplativas, – como eram chamadas -, e um ajustamento progressivo de umas a outras.

Esses primeiros anos foram marcados também pelo aprendizado da língua hebraica, sobretudo em vista da liturgia.

Sentíamo-nos um pouco perdidas,só quatro na grande capela. Pensamos em instalar como oratório-cripta um porão que se encontrava sob nossos quartos. O projeto se realizou em 1980-1981.

Naquele momento a comunidade havia aumentado, pois em janeiro de 1976 fora tomada a decisão de fechar a casa de Nazaré.

Em 1983 estávamos novamente, em nosso “apartamento”, num espaço muito exíguo para nosso número, e experimentávamos a necessidade de ficar mais afastadas do vai e vem dos hóspedes. Assim nasceu a idéia de construir algo novo, não sem ter verificado antes que a “mais antiga casa” da propriedade não era funcional para nós. As plantas começaram em 1984, o pedido de aprovação foi feito em 1985, e esperamos três anos a licença para construir. Apesar dos conselhos que renunciássemos, por causa da primeira intifada que começava (em dezembro de 1987), os trabalhos foram iniciados em maio de 1988 para terminarem em 22 de junho de 1989, dia da inauguração oficial.

Havíamos pensado especialmente na arquitetura e no mobiliário da capela para que expressassem algo de nossa vocação na Igreja.

O próprio lugar de Ein Karem tem múltiplos significados: lugar da Visitação da Virgem Maria a sua prima Izabel e de seu canto do Magnificat; lugar do nascimento de João Batista o precursor e do canto do Benedictus; aldeia árabe, povoada de cristãos e de muçulmanos, e em seguida, depois de 1948, tornando-se pouco a pouco arrabalde da Jerusalém israelita; lugar também do grande hospital da “Hadassá Ein Karem”, que acolhe além de doentes – tanto israelitas como palestinos ou outros –, muitas vítimas da violência; lugar bem próximo de “Yad Vashem” que mantêm viva a memória da Shoá. Esta inserção geográfica corresponde a nossa vocação ao mesmo tempo de louvor e de súplica, – as duas dimensões fundamentais dos Salmos -; lembra-nos que somos chamadas a unir em um mesmo amor, haurido em Deus, o povo judeu e as Nações, sejam quais forem os acontecimentos.

Nesses trinta anos, a comunidade apostólica e a casa de acolhida viveram várias evoluções que acompanhamos adaptando-nos sucessivamente.